sábado, julho 29, 2006


e agora toda vez que eu vejo coisas muito engraçadas me dá uma vontade imensa de chorar.

Fragmentos de uma noite dos incríveis (complemento urgente de dona baratinha, ou seja: só entende quem viveu.)

o cenário é uma sala. Tudo é pós-dramático e inspirado no dicionário o globo. Luz azul.
Alguns estão sentados no sofá. Outros jogados pelo chão. Ao todo são quatro. Dois homens. Duas mulheres.
As risadas acontecem quase sempre em estilo cacofônico. Moinhos estão "subentendidos". Fundo musical altera-se de acordo com a visão do leitor/espectador.

Talvez eu vá fazer xixi agora mas me passa uma torrada.
Vamo botá uma música gostosa.
Tempo.

Longo.

Porra.

Risos. Risos. Risos.

Não agüento mais.
Porra.

Risos. Risos. Risos.
Cú.
Risos. Risos.

Tú não vai fazer xixi, Verônica.
Vai fazer xixi, Verônica.
Vai fazer xixi, Verônica.
Silêncio. Barulhos estranhos.
Que é isso.
Eu tô ouvindo passos.
O vento batendo no papel laminado.
Fagotista é aquele que fagocita.
Tocador de fagote
Derivado do latim fagote. Dir-se da pessoa que freqüenta fagodes.
Festas folclóricas na noite do país.
Bota no blog, por favor.
Achei que ia ficar meio monótono.
Acabou a torrada.
Qual o nome da palavra?
Comarcão.
Ato ou efeito de represália por indivíduo de nome Marcos, gordo ou não.
Uma marca grande.
Bota o Chico!
Cadê o cartola heim?
Qual?
Desculpa, gente. Não Ter torrada pra abastecer nossas barrigas.
Foi isso que você disse?
Que é isso.
Eu tô ouvindo passos.
O vento batendo no papel laminado.
Põe Chico, coitado.
Galdério: Parto entupido.
Não!
Parto em torpor.
Não!
Parto em Tupi.
Risos.
Acabou a torrada.
Acabou.
Põe Chico.
Põe meus caros amigos.
Enter.
Não.
Não.
Enter.
O que é que a gente tava ouvindo antes?
Que é isso.
Eu tô ouvindo passos. Ó. Ouviu.
O vento batendo no papel laminado.
Esqueci.
Esqueci.
"em frente ao coqueiro verde. em frente ao coqueiro verde..."
arroto
Tem aquelas garotas que fazem tudo por prazer.
Eu prefiro com Cazuza.
Que é isso.
Eu tô ouvindo passos.
O vento batendo no papel laminado.
O Danilo soltou seu arroto de mais poderoso timbre.
Sabe uma que eu adoro... esqueci.
Pega macarrão.
"a minha senhora"... é não... é...
minha romântica senhora tentação.
Que que é timbre?
é! Minha romântica senhora tentação
eu quero botar aqui.
Isso é bom.
Isso é muito foda.
Que é isso.
Eu tô ouvindo passos. Eu ouvi mesmo
O vento batendo no papel laminado.
Ah é.
Eu também gosto.
Ah, deixa por favor.
Ahhhhhhhhh...ahhhhhhhhhhh.
Começam a cantar e dançar.
Isso é rubrica?

quinta-feira, julho 27, 2006

Um lixo

Estou em casa esperando minha mãe e minha torneira quebrou. Não para de sair água. Terei que gastar mais uns sessenta reais para comprar outra. Esta vai para o lixo.





Este texto é uma homenagem a um leitor assíduo que não comenta.

Ainda Sobre o meninO de seis aNos

Perguntaram a ele:

Você escolhe! Fica com quem? – o juiz.
Não sei.- o menino.

Você já tem idade suficiente para isso. – a promotora.
Não tenho não.- o menino.

O menino tem desvios comportamentais!- a tia.
Não tem não – a mãe.

Não tem não – o pai.
Os pais não têm condição de criar essa criança!- a tia.

Temos sim – os dois, paiemãe, ao mesmo tempo.
O pai não passou no exame de motorista! Fez cinco vezes e não passou!- a tia.

Estou treinando na máquina, no fliperama aqui do lado.- o pai.
Sorriso e sim com a cabeça - da mãe.
(silêncio. Contido e espêsso.)

Ele não pode ficar com os pais. Olha essa jaqueta. Foi a mãe que comprou. – a tia.
Eu gosto da jaqueta – o menino.

Ela é Rosa.- a tia.
Qual o problema? – o juiz.
Rosa é cor de menina – a promotora.
Rosa é cor de viado!- a tia.
Rosa é cor de criança. – o dois, paiemãe, ao mesmo tempo.

segunda-feira, julho 24, 2006

Não vamos mais dormir juntos até amanhã.

Peguei a porra da conjuntivite dele.Sabe quando você acorda e percebe que o mundo inteiro te é odioso? que todas as pessoas a sua volta são completamente desnecessárias? Ok. é TPM. só resta imaginar vidas desnecessárias, nostálgicas ou invivíveis. Invivíveis? Mas depois de um dia de trabalho completamente estressante tudo que você quer ouvir é um "amor, que bom que você chegou aqui tão cedo" porque três horas da manhã é cedo. tem muita gente que leva o cachorrinho pra passear às três da manhã. inclusive nós, meu amor, vamos começar a levar nosso cachorrinho pra passear. ou você esqueceu que teremos um filho. pausa longa.não era hora de falar sobre os filhos. ao invés disso ele diz deita-logo-e-dorme.como assim dorme? como assim? como assim?fiz questão absoluta de desfazer as malas na hora. e tiras T O D A S A S R O U P A S inclusive as sujas, muito sujas - pra mostrar o quanto eu trabalhei e a última coisa que eu queria era dormir!!!!!ele não costumava correr na lagoa como fazia antes. parou de me trazer o café da manhã na cama com a bandeijinha de gatinho, passou a acordar tarde demais e a não dar bom dia. só um beijo ralo, e mesmo assim só depois de escovar os dentes. não me beija mais com bafo!!! ele sabe que eu gosto.depois da pausa, resolveu olhar nos meus olhos e dizer chorando. estou com conjuntivite.nem olhei mais nos olhos. nem nos dele nem nos de ninguém. dormi a noite inteira e sentei de manhã no computador para inventar qualquer coisa que me deixasse desabafar nossa longa história juntos. que nem existe, mas enfim. não é essa a discussão. não consigo entender o porque de não querer nosso filho.eu não faria aborto nunca. sou a favor dos filhos quando eles são desejados. por mim. claro. só faria aborto se eu não desejasse. claro. se eu não quisesse eu tiraria. mas não preciso discutir isso agora, visto que meu filho vai ser um cão. ou melhor. uma cadela.Peguei a porra da conjuntivite dele.vejo tudo embaçado e choro nos finais dos filmes.além disso arde um pouco.

quinta-feira, julho 20, 2006

c u r t o

Uma vontade imensa de rir que não se segura e que se estende até o momento em que há falta de ar. Até onde o ar ultrapassa os limites do vento e voa. Tudo fica imensamente lindo e se tem vontade de ficar ali "até que a morte os separe", mesmo que não se esteja com ninguém. Flores e jardins e o mar com espelho grande te traz para um fluxo contínuo de desperdícios do organismo refreados e intensamente sugados pela c-a-l-m-a-r-i-a de ser um estar presente ali, naquele momento...ou não.
Porque a gente cede a esses prazeres da carne tendo sempre um leve arrependimento quando se pensa no futuro.
Que futuro. Não dá pra saber qual o ponto que se coloca depois.
De agora em diante (ou nos próximos segundos) só escrevo textos curtos.
Porque o prazer de viver a cada segundo é curto.

Aos seis anos, depois da novela

Mãe, aqui em Paraíba do Sul as pessoas também morrem?

quinta-feira, julho 13, 2006

Dez coisas que você precisa saber quando vai morar num cidade maior que você:

1-Toda pessoa que te olha quer alguma coisa bem simples mas não sabe muito bem o que, e você acaba tendo que explicar para ela. Isso inclui as putas tristes que também existem na cidade maior que você, mesmo sabendo que elas vêm de livros, esses que são maiores que você + a sua mãe e + um pedaço do seu pai (pedaço que vai da altura dos joelhos até as costelas).

2-Os dragões que o Caio F. escreve nas cartas moram no paraíso. Que é lá, ( na cidade maior que você) mas não se pode ver porque ficam escondidos onde nunca se encontra (ainda nos vértices). Traduzindo: vai ser sempre tudo meio complexo e escrito nas entrelinhas. Ou nas estrelinhas, depende de você e da sua capacidade de criar.

3-É sempre refrescante tomar um banho de mar, coisa que não existe na cidade do seu tamanho, mas que se tomado com muita freqüência te faz se sentir muito grande. Conseqüência: você vai parar de escrever cartas e criar um "blog".

4-Seus desenhos de árvore vão ficar cada vez mais simples porque você não vai ter tempo de ficar colocando detalhes, vão ser só as folhas sem pintura cor verde e o tronco fino para poupar o lápis ou giz de cera que anda custando muito. Como terá parado de comer maçãs porque não são vendidas pelo telefone, logo não vai saber mais desenhá-las (eu esqueci).

5-Você vai morar perto do lugar onde sempre sonhou quando pensava em visitar a cidade maior que você, mas não vai olhar mais para os lados porque vai sempre ter uma certeza absurda de que aquilo continua ali e não sai, que sempre vai deixar para depois.( na cidade do seu tamanho você precisa visitar os lugares todos os dias porque a qualquer momento eles podem desaparecer).

6- Vai parar de dar presentes de aniversário. (não tem muita explicação teórica para isso. Para-se e pronto.).

7-Vai sentir muita falta: dos que ama e estão perto. Dos que ama e estão longe. Dos que vê todos os dias e não ama. Dos que vê um dia ou outro e não sente nada muito específico. Dos que você nunca vê, por isso não sabe o que sente por eles. Até dos que você não ama. Porque sempre vai estar sozinho. ( na cidade do seu tamanho você nunca vai estar sozinho porque sempre vai ter um jardim, mesmo que ele seja velho...)

8-Vai conhecer cada vez mais livros e menos flores. Cada vez mais filmes e menos livros. Cada vez mais ruas e menos filmes. Cada vez mais TV e menos ruas. Ou seja, não vai conhecer o seu vizinho. Nem o porteiro. Nem o padeiro. E vai se enganar muitas vezes de apartamento.(são todas as portas iguais e tão juntas...na cidade do seu tamanho há uma diferenciação nas cores das casas pelo menos).

9-Vai sempre se emocionar com as crianças que passam nas ruas com os pais de família bonitos e sarados ou com as que cantam músicas em japonês e vêm embaladas por e-mail. Mas não vai querer uma para você. Nem criança nem cachorro. Porque é proibido no prédio onde você mora.

10- Vai descobrir aos poucos que sempre vai ser preciso voltar para uma cidade do seu tamanho, uma que te caiba de verdade, quando perceber que a fumaça te inundou e está saindo pelos poros, fazendo os olhos tremerem sozinhos e você confundir desejo de amor com sorriso amarelo. Sonhos com vontade de tomar banho. E o pior é quando você pensar que ainda pode ficar mais. Logo vai ver que tem muita roupa suja. Essa só se pode lavar na cidade do seu tamanho. Se lavar na cidade maior que você, elas ficam sem caber. E você fica se sentindo grande. Tão grande que transborda. E não tem ninguém para te beber.


terça-feira, julho 11, 2006

Era Só Detalhe

Olhou pra boca aberta dele e beijou.
Ele retribuiu. Molhado. Quente.
Ela nunca fazia isso, coitada. Tímida de infância. De lugar pequeno.
Mas era só um detalhe.
No meio de tantas coisas maiores.
Grandes. Denuncias. Crimes. Relatos. Gargalhadas. Confissões.
E sonhos. E estrelas e teatros e chopps e cigarros e cigarros e cigarros.
(Porra de devaneio louco que traz palavras etéreas quando queria que fosse só toque. Só chão. Só gosto.)
Ela queria mais.
Ele queria tanto.
Mas o detalhe. Que era o único detalhe.
Detalhe de impulso.
Não vinha.
Detalhe da porra que acabou com o casamento em castelo amarelo, destruiu os filhos com nomes estranhos que vinham de livros com "velotróis" e até o sapatinho de tricô que ela estava fazendo dês daquela noite em que se beijaram pela primeira vez. . .
Beijaram?
Noite em que não havia detalhe algum e que o choque fazia acordar.
Mas não dizia que era manhã.
Noite que não se repetiu.
Repartiu na cama de sonhar acordada de manhã com insônia sem comida na geladeira.
Vem, pode olhar. Isso é só um pequeno detalhe.
Dos poemas, das músicas só tem uma coisa- a semelhança de sonho. Porque a realidade que há é outra. Talvez ninguém saiba.
Mas da noite de detalhes ela vai lembrar
e relembrar
e desmembrar
o resto dos dias.
Até que esqueça.
E vire apenas e só mais um detalhe
Sem ponto até

Se houve ou se não houve alguma coisa entre eles dois...

?

Parece que eu tô sofrendo?
Eu mal consigo escrever palavra quando penso em você.
Só perco a respiração.

Por hoje

Nossa, bicho, passou um ano que eu não entrava aqui e escrevia baboseiras deprimentes que me deixam completamente nua diante do mundo inteiro.E o pior é que eu voltei.E mais cega ainda porque escrevo umas coisas completamente sem sentido e com tom de quem sabe perfeitamente o que diz.Tá completamente abafado isso aqui.Puta que o pariu! Só falta um pouco de palavrão, mas eu acho meio grosseiro.Que merda!

Cansei de ser rosa

Como num berro sonoro e alto que ecoa sobre os vidros embaçados de sujeiras do meu quarto pequeno sem janelas, quero gritar algo um pouco mais escuro. Que transpareça um pouco mais, porém que rasgue.
O que, eu anda não sei.
Mas estou buscando.
E não quero mais ser a cor das menininhas de vestido no joelho com anágua.
Quero ser a cor dos homens de terno que lutam por aquilo que
sabem que não entendem,
mas continuam.





Tentei escrever algo preto que não falasse de amor
Mas só pesava em você. De rosa.
Mas não vou ilustrar aqui.

segunda-feira, julho 10, 2006

L E V E

A hora é um pouco antes e bem depois do momento mais desejado.
Ouve Chico. Sabe que o sonho é bom.
Está prestes a acordar quando descobre uma paixão prematura que se completa com o fogo quente que te queima a mão no fogão de seis bocas aceso na noite anterior.
Não se lembrava mais de nada que não a tivesse causado ferida na pele.
E de ferida na pele só lembrava daquela.
A felicidade dela estava olhando de longe. Ocupava uma estrada que de amarela só tinha o sol. E quando ele partia...acabava. e o fim era onda. E onda. E onda.
Só sabia pensar no aborto e no nada de não saber mais os significados das palavras que emergiam e queriam ser versos. E queriam ser canções.
Pensava nas borboletas amarelas, nas atrizes das quais ele falava e ela não conhecia, nos amores que não tinha
E fingia que queria escrever o mundo sem ter girado na roda gigante por medo precoce de alturas. Pelos olhos infantis do tombo que rasgou o joelho com roupa de ballet.
Não sabe do que ri.
"Faz cinema. Faz Cinema, sim. Ela é demais!"
Não sabe onde está.
Pensa em cama, em sofá.
Só quer traduzir para as letras as angustias roxas que rondam o anzol do peixe que não pescou na lagoa de cidade pequena cujo nome também não se lembra
e quando lhe vier à memória não mais importará.
Lhe falta amor de mãe que ela não sabe dar e não sabe Ter porque não mantém. E não tem. Não sabe porque nem o que reza. Nem reza.
Ela é assim. Pensa que será De Alguém mas não tem tato. Não possui com os dedos. Tem medo de pegar. Ainda está recente o choro no ventre, o nascimento com olhar e cabeludo – nasceu cabeluda.
Só escreve quando está imbuída de um sentimento que ultrapassa o limite da angustia e quer calar alguma coisa que parece que está fora. Mas ela sabe que está dentro.
Anda ganhando ilusões nas ruas da cidade grande e perdendo a razão de ser do interior. Quando retorna ao barquinho, sabe que o navio está partindo, e volta. Sem rumo. Lê para descansar os lábios da vida de se falar demais sem pensar, sem olhar de verdade e hipnotizar.
Todas as paisagens se foram com a senha que esqueceu para mandar o poema relativista.
Ganhou carta de mortos, escrita por vivos – uns que ama, outros que não, todos que a fazem sentir tocada, imagina. Quer uma correspondência em linhas retas. Que dirija um trabalho torto de menina sem desejo de crescer, com quinze anos e boneca barbie cantando xuxa sem saber que um dia sonharia com brad pitt e quereria que todos esquecessem das pastas e das fotografias suas. Ainda nuas de camisola ou roupão azul de banho.
Quer casar.
Quer um filho.
Quer acreditar um pouquinho mais que valeu a pena comer o prato inteiro de brigadeiro.
E se lembra só que escreve cartas uma vez por mês, mas não abre muitas portas todo dia. Só apaga as luzes da sala quando sai. Mas esquece o som ligado.
Sempre.
O que é que fica?

Feliz Ano novo de 2006 com direito a champagnhe eu te amo vômitos .

Acabou.
Passou voando, num segundo cabendo apenas no espaço do ponteiro pequeno.
Não sabia direito o que fazer com as mãos, estava ainda um pouco bêbada.
Sabia apenas que era preciso descarregar algo que sentia e que pulsava e que ia passando assim sem que ninguém percebesse.
Estar sozinha dói como dói um arranhão no joelho que parece insignificante mas lateja a noite inteira e não adianta passar pomada "hipoglos", que é pra assadura de bunda de neném.
Descoberta importante: remédios certos pra feridas específicas.
Duas cervejas
Um ou dois goles de Caip vodka de morango
Um Ice
Cinco ou seis goles de Red Bull
Um copo de mais ou menos 235 ml de Wiski
Uma Champagne inteira
Sozinha
Com milhos de pessoas a sua volta
Escutou do buraco pequeno que liga pessoas que estão aparentemente perto aparentemente longe que "não se está sozinho estando sozinho, pode-se estar sozinho com um monte de pessoas a sua volta, até mesmo no maracanã". Oba!
Havia então experimentados as mais variadas formas da sua solidão misturada com a bebida dos outros e com umas bocas que passam e com umas musicas que tocam umas vozes que falam uma cabeça que gira...
Acabou. Passou voando,num segundo cabendo apenas no espaço do ponteiro pequeno.
Foi só meter o dedo na goela.
Pronto, passou.
E o Ano Também Passou. E o riso não veio e não veio a aleria. E o Fernando. E a Clarice. E todos aqueles outros que não passam,o Vinícius, o Jostein, e todos os outros que ficam, o Milan, o Gabriel, e todos os outros que eu não recordo mas que me prendem em tardes de sábado véspera de prova início de ano de concurso com sol rachando na testa e porque não sei ao certo de onde vêm as palavras que não são minhas, mas que não saem com o vômito. Muita coisa não sai com o vômito. Cansei do formalismo babaca que exclui o eu do eu mesmo de estar escrevendo e que tenta me entregar um ar de outro que se passa por mim, mas que todo mundo sabe que sou eu tentando não me ser... sou eu porra!
Eu que xingo que falo de mim que não consigo te esquecer nem com toda a minha bile sendo discarregada vaso abaixo. Foda-se as palavras com erros eu erro e eu não consigo encontrar o manual pra acertar a fórmula correta de escrever fim e dar tudo certo. To aprendendo a dizer a verdade e só consigo mentir. Sou feliz pra caralho e não consigo gozar.Gozar eu gozo, mas e depois?e depois do gozo? E depois que o lobo-mau come a chapeuzinho.
tenho certeza de que ela não ficou na barriga dele.
Feliz Ano Novo.
Setedejaneirodedoismilesseis

Ao Amor

Foram poucos os momentos que passamos juntos, aparentemente foram muitos os anos que vivi. Não, não. Foram poucos. Não aprendi a dizer eu te amo. Simples e cru. Não sei se por não saber o que é o amor que se foi perdido e distraído. Não me avisou, calado. Não sei dizer te amo pra ninguém. Eu queria ter te dito que nunca disse pra ninguém. Mas já disse ser o ter de verdade. Já disse sem querer, sem saber o que dizer, disse amor. Mas amor não disse o que eu queria ser naquele momento único. Impar par. Dois ou um só. Ou ninguém. Não sei se dormi ao seu lado ou se sonhei a noite que dormia ao seu lado. Mas sei que eu dormi. Você, não sei. E você não voltou. Não sei fazer declaração de amor banal. Ser que sou o amor banal. O que não sabe que é e que sente que não sabe dizer a palavra que é. É azul. É mar. É água. É teto. Redondo. De dia. De noite. Não sei ser amor. Não sei amar e te perdi. Perdi mais vezes, eu sei. É doce. Preciso escrever por não saber dizer. Queria ser mais brega nas palavras e não saber como escrevê-las. Mas não sei como escrevê-las menos ainda como dizê-las. Sinto que se você soubesse, estaria aqui agora. Mas ninguém está. Ninguém. E é só. Sou só. Eu e minha falta de dizer amor.
À você.
O segundo que me fez escrever.
Igual a todos os outros que não me deixou dizer.