segunda-feira, julho 27, 2009

Comprei um quilo de coisas inúteis pra levar na viagem. Não tive tempo pra organizar a mala, então era só roupa de frio e casaco. Esqueci metade do essencial. Cheguei lá. Fazia um calor absurdo. E eu só pensava nos pelos imensos que estavam nascendo no meu corpo. Fazia séculos que eu não os deixava tão inutilmente grandes. E seu tamanho longilíneo só delineava meu aspecto de pseudo-intelectual convertida há uma semana querendo se tornar intelectual convertida. Depois do breve pensamento eles me soaram confortáveis. Pensei no sonho longínquo de um dia me apaixonar por um argentino com “dreads”, casar com ele e ir cantar músicas do Wando traduzidas para castelhano em Córdoba. Aí começou a fazer frio. As coincidências não existem e São Paulo torna-se cada vez mais próximo do quente que meu corpo pede pra recuperar a inconstância do meu ser eu querendo ser adulta. De novo. Tomara que um dia eu me dê conta disso tudo. O primeiro passo: fazer as contas. Sobrar dinheiro pra viagem do fim do ano e voltar a escrever qualquer coisa. Mesmo que só faça sentido pra mim. Novamente. Quem mais vai ler?

pra tudo se tornar mais específico.

ponto.
antes de nada, tudo.
tem que ser mais específico.
publique.
conversa comigo?
olha que coisa mais linda mais cheia de graça...
claro.
era o que eu imaginava.
Faltou pedir desculpas, mas não se pode pedir desculpas sem se sentir culpado não é mesmo.
interrogação e exclamação.
é mesmo.
o mesmo.
ainda há alguma possibilidade de descongestionar meu nariz.
só se não for gripe suína.
volta quando?
quando eu decidir que passou.
de viagem?
continua.
ainda.
não, agora só tem raiva.
o pior de tudo?
é.
tem que fingir, fazer de conta.
prova?
sim. passei. tirei 8.
mas tão pouco.
só estudei cinco dias. um dia pra cada livro.
sempre contando com o amor.
sim. em ser amada.
e já houve alguém?
ainda não. só sangue.
matei. lambi. gostei.
talvez eu volte.
boa viagem.