quinta-feira, julho 26, 2007

só por um rei

e fazia quase um século e meio que eles não se viam. ela, princesa, sempre anseava pelos encontros lúcidos que tinha no vez em quando. ele, rei, sempre esperava pelo encontro com aquele velha raquel dos degraus de sorvete derretido. e bastou. um encontro casual. de cinco minutos e meio para que ele a fizesse cair dos degraus. pra que o sorvete derretesse. por isso que ela o amava. por que ele sempre a fazia piscar com olhos de rímel borrado as lágrimas de sorvete derretido. e cuidado com o degrau, raquel. sempre contando com o tempo que sempre os leva ao meio.

segunda-feira, julho 16, 2007

outro dia

Se o homem soubesse o quanto ele diz dele mesmo quando trepa com uma mulher ele pensaria duas vezes antes de.
pode parecer que somos reles idiotas que ficam tristinhas ao entender que foi apenas uma foda e nada mais.
ou duas.
mas não.
a gente rouba a alma deles.
de verdade, sem querer enfiar a poesia nisso.
ja tem coisa demais enfiada.
um desabafo qualquer sobre uma vitória ínfima.

domingo, julho 15, 2007





Você começa. Eu espero , vou e sento.


Não é do tipo que encontra olhares com estranhos na rua. Mas ela sempre espera que um dia alguém que nunca tivesse visto a tocasse.
A pele morena manchada de pequenas milhares de sardas. Os olhos nunca quietos. Não pára. Nunca atravessa no sinal vermelho. Ela um dia gritou quando um homem sujo a olhou jogado no meio fio.
Não pode demorar muito, ela pensava.
E todos os devaneios que lhe vinham à mente, obcecados pala vontade docemente irritante de fumar a caixinha dourada de Carlton, transbordavam em vontade de dançar uma música qualquer. De qualquer dança que lhe fizesse sobrevoar um teto concreto. Ou de morango e maçã verde. Cada pulo era um cheiro transformando cada instante num passo em falso. Sinos ao longe. Sinal de alerta para seus olhos nunca quietos. Kiss me baby. O rádio estava sempre muito próximo.
Eu sempre critico. Acabo de criticar tudo que está acima destas linhas. O que distingue uma boa obra de uma que é lixo é que a primeira é como Roda Viva é como Guernica, a segunda como uma criança inalada de ópio. O amor, o sentimento, o continuar, a ilusão passageira. Ok. Ok. Mas eu volto a estória. O vento rodou num instante nas voltas do meu coração – ela berrou na esquina de sua casa. O cachorro havia fugido com árabes da Galiléia.
E continuo criticando. Desequilíbrios são tão óbvios nessas situações que não fazem efeito algum na estrutura formal do texto. Nem invocam paradigmas.
Tudo que ela fazia era dedicado ao cachorro ou ao ínfimo instante em que encontraria o príncipe encantado. Seria bom quatro paredes eu você e deus. Sempre procurava mas as palavras não existiam no dicionário. Seria bom. Há tempos tenta encontrar bons momentos ou ocasiões de olhar nos olhos. Dançava feito uma louca de bordel pela sala vazia e azul. Quase um aquário do seu peixe azul. Longe de ser o céu.
A história nunca termina, mas ela finaliza até o ponto em que percebe que tenta inventar personas. Até mesmo essa frase que era pra ser uma meta-linguagem nada disso é. Porque ainda sou eu. Eu mesma.
Não tem como. Sou eu mesma.

segunda-feira, julho 09, 2007


desatualizado.

mais simples do que isso só vendo o pão de açúcar de cabeça pra baixo.

ando fazendo isso nos dias em que consigo respirar.

com um peso a menos.

uma família a mais.

talvez não deva escrever mais nada pra não dizer bobagens sobre a realidade que não ando vivendo.

continuo sendo eu, ainda.

com algumas faltas.

algumas saudades.

minúscula.

E alguns anjos perdidos pela casa...